A realidade das doenças crônicas no Brasil
Você sabia que não está sozinho em sua jornada de saúde? A cannabis medicinal está surgindo como uma luz no fim do túnel para milhões de brasileiros. De acordo com a recente Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), cerca de 40% da população adulta brasileira – o equivalente a quase 60 milhões de pessoas – convive diariamente com alguma doença crônica.
São milhões de histórias de pessoas como a Maria, 58 anos, que, após décadas lutando contra dores constantes da fibromialgia, encontrou na cannabis medicinal uma aliada que lhe devolveu qualidade de vida. Ela relata que, “Antes, eu tomava sete medicamentos diferentes. No entanto, hoje, com o óleo de CBD, reduzi para apenas dois. Além disso, consigo dormir melhor e as dores diminuíram significativamente”, compartilha.
Viver com uma condição crônica significa enfrentar desafios diários: consultas médicas frequentes, uso contínuo de medicamentos, limitações nas atividades cotidianas e, além disso, muitas vezes, efeitos colaterais dos tratamentos convencionais. Diante desse contexto, é neste cenário que a cannabis medicinal tem se revelado uma alternativa promissora.
Como a cannabis medicinal atua no nosso corpo
Para entender melhor como a cannabis pode ajudar tantas condições diferentes, precisamos conhecer um pouco sobre o sistema endocanabinoide – uma rede de receptores espalhados por todo nosso corpo que funciona como um maestro da nossa saúde.
Os principais compostos terapêuticos da cannabis são:
- CBD (Canabidiol): Não causa efeitos psicoativos e possui propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e ansiolíticas
- THC (Tetrahidrocanabinol): Conhecido por seus efeitos psicoativos, mas também oferece benefícios terapêuticos para dor, náusea e espasticidade
- CBG, CBN e terpenos: Outros compostos que trabalham em conjunto, potencializando os benefícios (o chamado “efeito entourage”)
Quando utilizamos produtos de cannabis medicinal, esses compostos interagem com nosso sistema endocanabinoide, ajudando a regular funções vitais como:
- Percepção da dor
- Processos inflamatórios
- Qualidade do sono
- Humor e ansiedade
- Apetite
- Controle motor
Doenças crônicas que podem se beneficiar da cannabis medicinal

Dor crônica e fibromialgia
A dor crônica afeta milhões de brasileiros e representa uma das principais razões para buscar tratamento com cannabis. Estudos mostram que os canabinoides podem reduzir significativamente a intensidade da dor e melhorar a funcionalidade em pacientes com fibromialgia, artrite reumatoide e dores neuropáticas.
“Muitos pacientes conseguem reduzir o uso de opioides e anti-inflamatórios quando incorporam a cannabis ao tratamento, diminuindo assim os efeitos colaterais desses medicamentos”, explica a Dra. Patrícia Schwarz, médica especializada em cannabis medicinal.
Epilepsia e condições neurológicas
A história da pequena Charlotte Figi, que teve uma redução dramática nas crises epilépticas graças ao CBD, ajudou a impulsionar a pesquisa mundial sobre cannabis medicinal. No Brasil, muitas famílias relatam experiências semelhantes.
O CBD tem demonstrado eficácia no controle de crises em formas raras de epilepsia como a Síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut. Além disso, pesquisas preliminares sugerem benefícios para pessoas com Parkinson, Alzheimer e esclerose múltipla.
Transtornos de ansiedade e sono
Com o ritmo acelerado da vida moderna, não é surpresa que transtornos de ansiedade e problemas de sono estejam entre as condições crônicas mais comuns. A cannabis, especialmente formulações ricas em CBD, tem mostrado resultados promissores:
- Redução dos sintomas de ansiedade generalizada
- Melhora da qualidade do sono
- Diminuição de pesadelos em pessoas com TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático)
- Alívio dos sintomas de depressão em alguns casos
Doenças autoimunes e inflamatórias
O potencial anti-inflamatório dos canabinoides tem chamado atenção para o tratamento de condições como:
- Doença de Crohn e colite ulcerativa
- Artrite reumatoide
- Lúpus
- Psoríase
Carlos, 42 anos, convive com Doença de Crohn há mais de uma década: “Antes da cannabis, eu tinha crises frequentes que me levavam ao hospital. Hoje, com o tratamento combinado de medicamentos convencionais e óleo de cannabis, consigo levar uma vida quase normal.”
Como acessar a cannabis medicinal no Brasil
Embora estejamos avançando, o acesso à cannabis medicinal ainda representa um desafio para muitos brasileiros. Aqui estão os caminhos possíveis:
- Consulta com médico especializado: Qualquer médico pode prescrever, mas é recomendável buscar profissionais com experiência em cannabis medicinal
- Importação: Com a prescrição médica, é possível importar produtos através da Anvisa (RDC 660/2022)
- Farmácias magistrais: Algumas farmácias estão autorizadas a manipular medicamentos à base de cannabis
- Produtos registrados: Alguns medicamentos já possuem registro na Anvisa e podem ser encontrados em farmácias convencionais
- Associações de pacientes: Oferecem suporte e, em alguns casos, acesso facilitado a produtos
Conversando com seu médico sobre cannabis medicinal
Muitos pacientes se sentem inseguros ao abordar o tema com seus médicos. Aqui estão algumas dicas:
- Leve estudos científicos relacionados à sua condição
- Compartilhe relatos de outros pacientes com quadros semelhantes
- Pergunte sobre possíveis interações com seus medicamentos atuais
- Esclareça que seu interesse é terapêutico, não recreativo
- Se necessário, busque uma segunda opinião com médicos especializados
Considerações importantes para pacientes
A cannabis medicinal não é uma panaceia, mas pode ser uma ferramenta valiosa no manejo de condições crônicas. Alguns pontos importantes:
- O tratamento deve ser personalizado para cada paciente
- Os resultados variam de pessoa para pessoa
- É fundamental o acompanhamento médico regular
- A cannabis medicinal geralmente funciona melhor como parte de um tratamento integrado
- Comece com doses baixas e aumente gradualmente (princípio “start low, go slow”)
Conclusão: Um caminho de esperança
Para os 60 milhões de brasileiros que convivem com doenças crônicas, a cannabis medicinal representa, sem dúvida, uma nova possibilidade terapêutica. Além disso, à medida que mais pesquisas são realizadas e o acesso se amplia, cresce também a esperança de uma qualidade de vida melhor.
Se você convive com uma condição crônica, antes de tudo, converse com seu médico sobre a possibilidade de incluir a cannabis medicinal em seu tratamento. Além disso, informe-se através de fontes confiáveis e, se possível, conecte-se com outros pacientes que compartilham experiências semelhantes.
Lembre-se: você merece explorar todas as opções disponíveis para viver bem, mesmo com uma condição crônica.
Perguntas frequentes dos pacientes
A cannabis medicinal causa dependência?
Os produtos medicinais à base de cannabis, especialmente aqueles ricos em CBD e com baixo teor de THC, apresentam baixo potencial de dependência. O risco é significativamente menor que o de muitos medicamentos convencionais, como opioides e benzodiazepínicos.
O plano de saúde cobre tratamentos com cannabis medicinal?
Atualmente, a maioria dos planos de saúde não cobre esses tratamentos. No entanto, existem decisões judiciais favoráveis em casos específicos. Algumas associações de pacientes oferecem suporte jurídico para essa questão.
Posso dirigir usando medicamentos à base de cannabis?
Produtos ricos em CBD com baixo teor de THC geralmente não afetam a capacidade de dirigir. No entanto, formulações com maior concentração de THC podem prejudicar reflexos e atenção. Converse com seu médico sobre o timing ideal entre o uso e a condução de veículos.
Como sei se a cannabis medicinal é adequada para minha condição?
A decisão deve ser tomada em conjunto com seu médico, considerando seu histórico médico, medicamentos em uso e características específicas da sua condição. Nem todos os pacientes respondem da mesma forma, por isso o acompanhamento personalizado é fundamental.
Existe risco de overdose com cannabis medicinal?
Diferente de muitos medicamentos convencionais, não há registros de mortes por overdose de cannabis. Os canabinoides têm uma ampla janela terapêutica, o que significa que há uma grande distância entre a dose eficaz e a dose tóxica.
Atenção: Este artigo tem caráter informativo e não substitui a consulta com profissionais de saúde qualificados. Sempre consulte seu médico antes de iniciar qualquer tratamento.
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