A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) estima que existam aproximadamente 40 mil pessoas com EM no Brasil e 2,8 milhões em todo o mundo.
Pesquisadores canadenses estão conduzindo um ensaio clínico randomizado e duplo-cego para avaliar a eficácia dos canabinoides no alívio dos sintomas em pessoas com esclerose múltipla (EM) que não respondem completamente ao tratamento padrão, descrito como ´parcialmente eficaz´ no estudo.
O estudo começou em 2022 e tem previsão de duração de cinco anos. Agora, os pesquisadores estão iniciando uma nova fase. Todos os participantes, com mais de 21 anos, serão designados aleatoriamente em quatro grupos: THC isolado, CBD isolado, combinação de THC e CBD, e placebo. Os pacientes receberão até duas doses diárias, com no máximo 20 mg de THC e 200 mg de CBD por dia.
Durante os primeiros sete dias, os pacientes realizarão uma autoavaliação do tratamento. O desfecho principal da pesquisa será a diferença nessa pontuação após 4 semanas em comparação com a linha de base. Após essa primeira avaliação, os participantes continuarão por mais 12 semanas com acompanhamento.
O que é Esclerose Múltipla (EM)?
A Esclerose Múltipla é uma doença neurológica, crônica e autoimune, onde as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, causando lesões cerebrais e medulares. Seu principal sintoma é a espasticidade (distúrbio no controle muscular, caracterizado por tensão, rigidez, aumento dos reflexos dos tendões e dificuldade de controlar os músculos).
A causa específica da doença ainda é desconhecida, embora se suspeite que fatores genéticos e, possivelmente, infecções virais possam contribuir para o seu desenvolvimento. Os pacientes geralmente são jovens, especialmente mulheres entre 20 e 40 anos. A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) estima que existam aproximadamente 40 mil pessoas com EM no Brasil e 2,8 milhões em todo o mundo.
Embora a Esclerose Múltipla (EM) não tenha cura, ela pode se manifestar por meio de diversos sintomas. Entre os mais comuns, destacam-se a fadiga intensa, a depressão, a fraqueza muscular e as alterações no equilíbrio e na coordenação motora. Além disso, dores articulares, disfunções intestinais e da bexiga também são frequentes. Por fim, vale ressaltar que as alterações visuais são consideradas o sintoma mais recorrente da doença.
Evidências Científicas
Uma revisão de 25 estudos envolvendo 3.763 pessoas com EM analisou o impacto dos canabinoides no tratamento da espasticidade e outros sintomas. Entre os participantes, 2.290 receberam canabinoides. O maior estudo incluiu 657 pessoas.
Em termos de resultados, os principais achados indicaram um aumento no número de pessoas que relataram uma redução significativa na espasticidade, além de uma melhora expressiva no bem-estar geral. Ademais, a análise revelou uma baixa prevalência de distúrbios do sistema nervoso ou desordens psiquiátricas, o que reforça o perfil de segurança observado no estudo.
Para os pesquisadores canadenses, a principal barreira para o uso eficaz da cannabis em cenários clínicos reais é, sobretudo, a falta de evidências sobre os benefícios de canabinoides específicos, bem como a ausência de informações detalhadas sobre possíveis riscos associados. Diante disso, segundo o grupo, o estudo contribuirá significativamente para superar essa limitação, ao identificar de forma mais precisa tanto os riscos quanto os benefícios do tratamento com cannabis para a Esclerose Múltipla.
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