Pesquisador destaca que o Brasil precisa investir em ciência e regulamentação para ampliar acesso seguro a tratamentos com derivados da cannabis medicinal.
Em entrevista na manhã desta segunda – feira (02), ao Programa Bom Dia com Mário Kertész e JB no Ar, da Rádio Metrópole, o infectologista e pesquisador Dr. Roberto Badaró, uma das principais referências em medicina no Brasil, reforçou a necessidade do país avançar na produção nacional de medicamentos à base de cannabis. Segundo ele, o uso medicinal da planta está amplamente respaldado pela ciência, e a regulamentação adequada pode transformar o cenário terapêutico para milhares de pacientes.
Segundo Badaró, além do potencial terapêutico já comprovado em estudos, o país pode reduzir custos e ampliar o acesso dos pacientes se investir em uma cadeia produtiva nacional regulada. “A cannabis medicinal é uma realidade científica. Não estamos falando de achismos, mas de evidência. Há estudos robustos que comprovam sua eficácia, por exemplo, no controle de crises convulsivas em epilepsia refratária”, salientou o especialista.
O médico citou a eficácia do canabidiol (CBD) e do tetrahidrocanabinol (THC) no tratamento de diversas condições neurológicas e psiquiátricas, como epilepsia refratária, esclerose múltipla, Parkinson, Alzheimer, dor crônica, ansiedade e autismo. No entanto, destacou que o acesso ainda é limitado, principalmente devido ao alto custo dos produtos importados.

“É inaceitável que um país com capacidade científica como o Brasil continue dependendo de importações. Temos clima, profissionais e estrutura para desenvolver nossa própria cadeia produtiva, do cultivo ao medicamento final.”
Produção local e segurança sanitária
Badaró defende que uma indústria nacional de cannabis medicinal poderia garantir rastreabilidade, controle de qualidade e preços mais acessíveis, com base em rigor técnico e farmacológico. Ele alerta, no entanto, que é fundamental diferenciar o uso medicinal do uso recreativo da planta.
Usamos na medicina substâncias padronizadas, com prescrição e controle. Não é para uso livre ou recreativo. Estamos falando de aliviar sofrimento, melhorar a qualidade de vida.”
O pesquisador também mencionou o papel do sistema endocanabinoide — presente em todos os seres humanos — como base fisiológica para os efeitos terapêuticos da cannabis. Além disso, segundo ele, esse sistema regula funções importantes, como dor, sono, apetite e humor.
“A cannabis interage com um sistema que já existe no corpo humano. Não é algo artificial, é algo que a natureza nos oferece e que a medicina está aprendendo a usar com responsabilidade.”
Desinformação como obstáculo
Apesar dos avanços regulatórios, Badaró afirmou que o maior desafio hoje é o preconceito, inclusive dentro da comunidade médica. Para ele, a falta de formação específica leva muitos profissionais a recusarem um recurso terapêutico legítimo.
“O maior inimigo da cannabis medicinal no Brasil é a ignorância. É preciso formação, capacitação e coragem para fazer o que a ciência está nos mostrando.”
A entrevista completa pode ser assistida no canal da Rádio Metrópole no YouTube: Assista a entrevista
Publicado por Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinoides (AATAMED)
Atenção: Este artigo tem caráter informativo e não substitui a consulta com profissionais de saúde qualificados. Sempre consulte seu médico antes de iniciar qualquer tratamento.
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