Síndrome de Down: cannabis medicinal ajuda na melhora da capacidade cognitiva

Síndrome de Down: cannabis medicinal ajuda na melhora da capacidade cognitiva

A relação entre o CBD e a Síndrome de Down está ganhando destaque na comunidade científica, portanto, trazendo novas perspectivas para melhorar a qualidade de vida de pessoas com esta condição genética. Além disso, pesquisadores espanhóis identificaram uma possível ligação entre o sistema endocanabinoide e os déficits cognitivos característicos da síndrome, o que abre caminho para tratamentos inovadores que podem fazer diferença real no dia a dia dos pacientes.

O que é a Síndrome de Down e como ela afeta o desenvolvimento

A Síndrome de Down é uma condição genética caracterizada pela presença de um cromossomo extra no par 21, resultando em 47 cromossomos em vez dos 46 habituais. Esta diferença genética afeta o desenvolvimento de várias maneiras, incluindo:

  • Características físicas distintivas
  • Desenvolvimento cognitivo mais lento
  • Maior propensão a certas condições de saúde
  • Diferentes ritmos de aprendizagem

Cada pessoa com Síndrome de Down é única, com sua própria personalidade, talentos e desafios. Algumas podem apresentar comprometimentos cognitivos leves, enquanto outras enfrentam desafios mais significativos. As famílias frequentemente buscam terapias complementares que possam maximizar o potencial de desenvolvimento de seus entes queridos.

A descoberta espanhola: CBD e sistema endocanabinoide

Em Barcelona, uma equipe liderada pelo Dr. Andrés Ozaita da Universidade Pompeu Fabra realizou um estudo pioneiro que pode transformar nossa compreensão sobre como o CBD pode beneficiar pessoas com Síndrome de Down.

Os pesquisadores descobriram que os déficits cognitivos na síndrome podem estar diretamente relacionados ao funcionamento do Sistema Endocanabinoide (SEC), que é um complexo sistema de receptores e neurotransmissores presente em nosso organismo, o qual regula diversas funções corporais, incluindo memória, humor e aprendizado.

O desequilíbrio identificado nos testes

Nos testes realizados com modelos animais, os cientistas observaram uma superexpressão dos receptores canabinoides tipo CB1. Em termos simples, isso significa que:

  1. Há um número excessivo desses receptores no cérebro
  2. Os neurônios inibitórios predominam sobre os excitatórios
  3. Este desequilíbrio pode comprometer o funcionamento cerebral normal
  4. A memória e o aprendizado são particularmente afetados

Este achado é revolucionário porque sugere que o CBD, ao interagir com o sistema endocanabinoide, poderia potencialmente restaurar o equilíbrio neuronal e melhorar a capacidade cognitiva.

Como o CBD poderia ajudar na prática

O canabidiol (CBD) é um dos principais compostos da cannabis que não causa efeitos psicoativos. Sua capacidade de modular o sistema endocanabinoide pode oferecer benefícios significativos para pessoas com Síndrome de Down:

  • Regulação do sistema endocanabinoide: O CBD pode ajudar a normalizar a atividade dos receptores CB1 que estão em excesso
  • Equilíbrio neuronal: Potencial para restaurar o balanço entre neurônios inibitórios e excitatórios
  • Neuroproteção: Propriedades neuroprotetoras do CBD podem beneficiar o desenvolvimento cerebral
  • Redução de inflamação: O CBD possui efeitos anti-inflamatórios que podem ser benéficos para o cérebro

Maria, mãe de Pedro, um menino de 8 anos com Síndrome de Down, compartilha: “Depois que iniciamos o óleo de CBD sob orientação médica, percebemos melhorias na concentração dele durante as atividades escolares e terapias. Ele parece processar informações com mais facilidade.”

O que dizem as famílias e os primeiros relatos

Embora os estudos clínicos em humanos ainda sejam limitados, alguns relatos de familiares indicam resultados promissores:

  • Melhora na capacidade de concentração
  • Aumento no tempo de atenção durante atividades
  • Progressos mais rápidos em terapias cognitivas
  • Melhor interação social e comunicação

É importante ressaltar que estes são relatos anedóticos e cada pessoa responde de maneira diferente. Algumas famílias notam melhorias significativas, enquanto outras observam mudanças mais sutis.

O que ainda precisamos descobrir

Apesar dos resultados promissores, os cientistas são cautelosos e apontam que ainda há muito a ser investigado:

  1. Estudos clínicos em humanos: São necessárias pesquisas mais amplas e controladas com participantes humanos
  2. Dosagens ideais: Determinar as doses mais eficazes e seguras para diferentes idades
  3. Efeitos a longo prazo: Compreender os benefícios e possíveis riscos do uso prolongado
  4. Interações medicamentosas: Muitas pessoas com Síndrome de Down tomam outros medicamentos, e as interações precisam ser estudadas

Como abordar o tema com seu médico

Se você está considerando o CBD como uma opção terapêutica complementar para seu filho ou familiar com Síndrome de Down, aqui estão algumas dicas para uma conversa produtiva com o médico:

  • Leve informações baseadas em evidências científicas, não apenas relatos anedóticos
  • Pergunte sobre possíveis interações com outros medicamentos em uso
  • Discuta expectativas realistas sobre os resultados
  • Solicite orientação sobre produtos confiáveis e dosagens apropriadas
  • Estabeleça um plano para monitorar os efeitos e ajustar conforme necessário

“É fundamental que qualquer terapia com canabinoides seja supervisionada por um médico especializado, preferencialmente um neurologista ou psiquiatra familiarizado com o uso medicinal da cannabis”, recomenda a Dra. Camila Rodrigues, neurologista pediátrica.

O futuro da pesquisa sobre CBD e Síndrome de Down

As descobertas do Dr. Ozaita e sua equipe abrem caminho para uma nova linha de pesquisa, a qual pode revolucionar as abordagens terapêuticas para a Síndrome de Down. Além disso, vários centros de pesquisa ao redor do mundo já demonstraram interesse em expandir estes estudos.

Alguns dos próximos passos incluem:

  • Estudos clínicos de fase 1 e 2 para avaliar segurança e eficácia
  • Desenvolvimento de formulações específicas para esta população
  • Pesquisas sobre o momento ideal para iniciar a terapia
  • Investigação sobre como combinar o CBD com outras abordagens terapêuticas

Conclusão: Uma esperança baseada na ciência

O potencial do CBD para ajudar pessoas com Síndrome de Down representa uma nova fronteira terapêutica baseada em descobertas científicas sobre o funcionamento cerebral. Embora ainda estejamos nos estágios iniciais desta jornada, os resultados preliminares oferecem esperança para famílias que buscam maximizar o potencial de desenvolvimento de seus entes queridos.

Se você está interessado nesta abordagem, primeiramente, converse com profissionais de saúde especializados que possam orientá-lo adequadamente. Além disso, lembre-se que o CBD deve ser considerado como parte de um plano terapêutico abrangente, o qual inclua intervenções educacionais, terapias convencionais e suporte familiar.

Perguntas Frequentes

1. O CBD é seguro para crianças com Síndrome de Down?

O CBD geralmente oferece um bom perfil de segurança, mas os médicos devem avaliar cada caso individualmente. Eles precisam considerar fatores como idade, peso, outras medicações e condições de saúde antes de iniciar qualquer tratamento.

2. Qual é a diferença entre CBD e THC para este tipo de tratamento?

O CBD não causa efeitos psicoativos (a “alta” associada à maconha), enquanto o THC sim. Para fins terapêuticos em crianças e adolescentes com Síndrome de Down, os médicos geralmente recomendam produtos com alto teor de CBD e mínimo ou nenhum THC.

3. Como sei se o CBD está funcionando para meu filho?

Observe mudanças na atenção, memória, comunicação e comportamento. Para isso, mantenha um diário para registrar observações antes e depois de iniciar o tratamento. Em seguida, compartilhe estas informações com o médico para que sejam feitos os ajustes necessários.

4. O plano de saúde cobre tratamentos com CBD?

Atualmente, a cobertura varia significativamente. Alguns planos podem cobrir medicamentos à base de cannabis com prescrição médica, especialmente aqueles registrados na ANVISA. Consulte seu plano de saúde e verifique se há possibilidade de reembolso.

5. Existem efeitos colaterais que devo observar?

Os efeitos colaterais mais comuns incluem sonolência, alterações no apetite e, ocasionalmente, diarreia. Qualquer mudança significativa no comportamento ou saúde deve ser relatada imediatamente ao médico responsável.

Atenção: Este artigo tem caráter informativo e não substitui a consulta com profissionais de saúde qualificados. Sempre consulte seu médico antes de iniciar qualquer tratamento com canabidiol ou outros medicamentos.

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